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Galinhas de Portugal

2018/10/08

BRITO, Nuno Vieira e [et al.] – Galinhas de Portugal. Ponte de Lima: Município de Ponte de Lima [etc.], 2018. 128 p. ISBN 978-972-8846-73-2.

  • Preço: €10,00 (inclui o valor da taxa de IVA legal em vigor)
  • Como encomendar: contacte-nos através do e-mail: arquivo@cm-pontedelima.pt

Apresentação

Felizmente, ao longo dos últimos anos, tenho tido a oportunidade, mas sobretudo a honra, de escrever algumas palavras, na forma de mensagem ou de texto de abertura, num conjunto de publicações que visam, entre outros objetivos, divulgar, preservar e valorizar um património de valor inestimável, as nossas raças autóctones.

Para a presente publicação, "Galinhas de Portugal", mantive a opção de procurar conferir um contributo, no meu entender um dever do poder político, no sentido de alertar para a necessidade e importância da salvaguarda, proteção e valorização das raças autóctones, a todos aqueles que terão acesso a esta obra de enorme qualidade e valor que, estou certo, será uma mais valia para o esforço contínuo que se prevê exigido à conservação, melhoramento e valorização dos galináceos das raças Pedrês Portuguesa, Preta Lusitânica, Amarela e Branca.

As raças autóctones foram, outrora, decisivas na construção e definição das paisagens rurais e, por conseguinte, estão intimamente ligadas às populações rurais, aos seus modos de vida, costumes e tradições, apresentando ainda um elevado grau de dependência das mesmas. Neste sentido, não será difícil estabelecer uma relação de causa/efeito entre o declínio destas populações, resultante de um conjunto de razões de natureza histórica, económica, social e cultural, e a drástica redução do efetivo das raças autóctones que, na sua quase totalidade, estão sujeitas a um lamentável estatuto de "ameaçadas de risco de extinção".

De facto, com exceção para uma parte do território rural - que sobrevive com recurso a processos de especialização/ intensificação da atividade agropecuária e florestal, onde não existe "lugar" para as raças autóctones-, a redução continuada do peso do setor primário na economia, acompanhada de condições de vida e de trabalho pouco atrativas e da falta de atenção, do poder político central, para com as áreas rurais e com as suas gentes, têm resultado num preocupante decréscimo das hipóteses de viabilização e perpetuação de muitos daqueles que são os elementos que tão bem caracterizam e diferenciam os nossos espaços rurais.

Estes elementos, nos quais naturalmente se incluem as raças autóctones, possuem um peso preponderante em vários processos de desenvolvimento rural e de reconstrução social levados a cabo, com sucesso - ainda que este, como infelizmente se fez prova, possa ser posto em causa pelo flagelo dos incêndios florestais-, por territórios marcadamente rurais que, com visão, muito esforço e engenho, têm conseguido obter a visibilidade e notoriedade que são imprescindíveis, entre outros fatores, para lhes conferirem a atratividade e o investimento necessários à dinamização socioeconómica e à melhoria das condições de vida das suas populações.

Neste contexto, permito-me referir que o Município de Ponte de Lima de tudo fará, dentro das suas possibilidades e atribuições, para manter a forte aposta na preservação e valorização dos recursos endógenos recorrendo, preferencialmente, no caso das raças autóctones - pese embora os projetos/iniciativas próprias, como por exemplo a Quinta Pedagógica de Pentieiros, a Bolsa de Terras Agroflorestais e o mercado de gado da feira quinzenal -, ao estabelecimento de parcerias que visem apoiar as associações de criadores e outras entidades ligadas ao setor primário, cuja atividade resulta na prestação de um serviço essencial ao território.

Na qualidade de Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, mas também enquanto cidadão e profundo admirador das raças autóctones, não poderia finalizar sem expressar o meu sincero e sentido agradecimento aos verdadeiros guardiões das "Galinhas de Portugal", os seus Criadores, assim como à Associação de Criadores de Bovinos de Raça Barrosã que, em boa hora, decidiu chamar à sua responsabilidade as complexas tarefas de identificação, inventariação, caraterização e registo genealógico destes galináceos, que são essenciais à preservação e valorização do importantíssimo património genético que os mesmos encerram.

Victor Mendes
Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima