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Frei Diogo de Melo Pereira (16.. - 1666)

Cavaleiro da Ordem de Malta. Balio de Leça e de Negro Ponto. Militar na Guerra da Restauração. Governador das Armas do Minho.

Diogo de Melo Pereira deve ter nascido entre 1609 e 1613, provavelmente em Bertiandos, Ponte de Lima. Foi o segundo dos onze filhos de Fernão da Silva Pereira, 3º Administrador do 1º Morgadio de Bertiandos, com toda a sua Casa e Padroados anexos, e de sua mulher D. Leonor de Melo.

  • Retrato de Frei Diogo de Melo Pereira.
    Retrato de Frei Diogo de Melo Pereira. Óleo sobre tela (CB) (Fot. - V.C.M.)

Recebeu o foro de Moço Fidalgo da Casa Real (alvará de 20 de março de 1621) juntamente com seus irmãos Francisco, Lopo, António, Manuel, Fernão e Bernardo. E em 10 de setembro de 1625 ingressou na Ordem de Malta, onde teve as Comendas de Poiares, Moura Morta, Veade, Sernancelhe, Torres Vedras e Torres Novas.

Muito novo ainda foi para a Ilha de Malta, onde participou em diversas armadas contra os turcos e os berberes no Mediterrâneo. Na tomada aos Turcos da cidade de Santa Maura, foi ferido na mão direita, com um tiro de mosquete e depois disso, na escalada da muralha do castelo de Miripotamo foi novamente ferido, desta feita com uma setada na perna.

  • Pedra de armas seiscentista, com o brasão dos Pereiras, na Casa de Bertiandos.
    Pedra de armas seiscentista, com o brasão dos Pereiras, na Casa de Bertiandos. (Fot. - V.C.M.)

Quando se iniciou a Guerra da Restauração foi chamado para prestar serviço como Capitão-mor de Barcelos (carta de 29 de maio de 1641), governando as Armas da Província, em conjunto com Manuel Teles de Meneses e o Coronel Viole de Athis. Em 1641 governava a praça de Lamas de Mouro na fronteira de Castro Laboreiro e em 1645 tomou Salvaterra da Galiza, que se manteve na mão dos portugueses até ao final da guerra. Entre os diversos folhetos patrióticos que corriam impressos, enaltecendo as vitórias alcançadas e relatando as incursões sobre território inimigo, foram publicadas, a propósito da tomada de Salvaterra, a "Relaçam da entrada que fizeram em Galliza os Governadores das armas da Provincia de entre Douro, & Minho o Mestre de Campo Violi de Athis, que por carta de sua Magestade exercita o cargo de Mestre de Campo General, & Manoel Telles de Menezes Governador do Castello de Vianna, & Frey Diogo de Mello Pereira Comendador de Moura Morta, & Veade da Religiaõ de sam Ioam de Malta, Capitam mor de Barcellos", e a "Relaçam do felice sucesso, que tiveram Fr. Dioguo de Mello Pereira de Britiandos, Commendador de Moura Morta & Fr. Lopo Pereira de Lima, seu irmão Commendador de Barró da Ordem de Malta, a quem o General Dom Gastão Coutinho encarregou do governo das armas, na entrada, que se fez em Galiza...", uma e outra impressas em Lisboa, em 1641 e 1642.

  • Frontispício do folheto Relaçam da entrada que fizeram em Galliza os Governadores das armas da Provincia de entre Douro, & Minho… , impresso em Lisboa, em 1642
    Frontispício do folheto Relaçam da entrada que fizeram em Galliza os Governadores das armas da Provincia de entre Douro, & Minho… , impresso em Lisboa, em 1642
  • Carta d'el Rei D. João IV para Frei Diogo de Melo Pereira, Governador das Armas de Entre Douro-e-Minho, de 22 de Outubro de 1645 (CB)
    Carta d'el Rei D. João IV para Frei Diogo de Melo Pereira, Governador das Armas de Entre Douro-e-Minho, de 22 de Outubro de 1645 (CB)

A 7 de julho de 1645, Diogo de Melo Pereira pede a el-Rei que o liberte da responsabilidade no Governo das Armas do Minho, fazendo-o substituir, para que possa regressar a Malta. A resposta não tarda. É-lhe dada a permissão e confirmado o soldo no posto de Mestre de Campo.

De novo em Malta, voltou às armadas. Nesse mesmo ano comandou a galera Santa Maria della Vittoria e no ano seguinte a San Giovanni. Foi Balio de Negro Ponto, Conservador Conventual, Seniscal e Governador da Justiça, servindo ainda como Mordomo-Mor e Lugar-Tenente do Grão-Mestre Frei Jean de Lascaris de Castelar.

  • Arcossólios com os carneiros mandados fazer por Frei Lopo Pereira de Lima para sua sepultura e de seu irmão Frei Diogo de Melo Pereira, na capela-mor do Mosteiro de Leça
    Arcossólios com os carneiros mandados fazer por Frei Lopo Pereira de Lima para sua sepultura e de seu irmão Frei Diogo de Melo Pereira, na capela-mor do Mosteiro de Leça, de que ambos foram Balios.

Quando voltou definitivamente a Portugal, foi nomeado Mestre de Campo General (carta de 9 de janeiro de 1659) e integrou o Conselho de Sua Magestade. Recebeu o Baliado de Leça (carta de 24 de abril de 1664) e morreu dois anos mais tarde, em Guimarães, a 26 de Agosto de 1666, tendo instituído um vínculo que anexou ao 1º Morgadio de Bertiandos. Está sepultado no costão do lado da Epístola, na capela-mor da igreja do Mosteiro de Leça, onde era Balio, num túmulo ao lado do de seu irmão Lopo, com o letreiro: "Irmãos unidos em vida e morte" e a inscrição: "Aqui jaz Fr. Diogo de Melo Pereira Balio de Leça do Concelho de Sua Magestade Comendador das Comendas de Poiares Moura Morta Veade Torres Vedras e Torres Novas Lugar Tenente que foi da sua Religião em Malta Faleceo aos 26 de Agosto de 1666".

  • Assinatura de Frei Diogo de Melo Pereira
    Assinatura de Frei Diogo de Melo Pereira

João Gomes d’Abreu